Carta Aberta aos meus Ex-Colegas de Trabalho

Podia ser meiguinha, fazer uma introdução catita e ponderada sobre o que te quero dizer, mas sabes que não gosto de rodeios por isso vou directa ao assunto: 

COMO É QUE AINDA ESTÁS AÍ???

Trabalhámos juntos um bom par de anos, num local onde a partir de uma dada altura todos éramos infelizes. Alguns deram o salto. Tu não. Pergunto outra vez, alto e bom som: como é que a ainda estás aí?

Eu conheço-te. Na maioria dos casos das pessoas a quem esta carta aberta é dedicada foram ou recrutadas e treinadas por mim, ou só treinadas. E mesmo que não estejas neste lote de pessoas, a verdade é que existem centenas de locais de trabalho que se vão identificar com as palavras que tenho para os meus ex-colegas.

A verdade é que eu conheço-te. E por te conhecer eu sei que mereces e és capaz de mais. És capaz de investir em ti, de te conhecer, de analisar os teus pontos fortes e de melhorar. De ver para lá de um sistema caducado de avaliações e de ir mais longe do que os corredores de um cemitério de engravatados e tiazocas fúteis.

Como é que eu sei? Porque não há no mundo ninguém que mereça passar 8 a 9 horas do seu dia em angústia sem evoluir.

Saí daí há quase três anos. Sou mil vezes melhor profissional. Aprendi que existem empresas diferentes, que o mérito não é só uma ideia teórica, que a valorização e o desenvolvimento podem vir da tua chefia directa. Sim, pasme-se: há chefes competentes que te ajudam a crescer. Quem diria?!

Foi tudo fácil? Não. E sabes qual foi o maior choque? Perceber que o tempo que me arrastei aí onde tu te arrastas só serviu para me embrutecer. O arranque foi em esforço, como que para apanhar um comboio que já tinha partido há algum tempo. Tive de correr. Fazer-me à vida, libertar-me de crenças negativas e anos de estagnação.

Há quantos dias, semanas, meses, fazes as mesmas coisas, repetidamente e sem pensar na razão de ser? Sai fora. A sério. Liberta-te.

Não há desculpa no mundo que justifique estares aí. Nem contas para pagar, nem a vida é difícil, nem a crise, nem os benefícios que tens. Há mais, muito mais do que isso tudo para quem tem a audácia de tentar.

Dos que sairam há quem esteja feliz no percurso para se tornar Chef. Houve quem tivesse mergulhado no seu trabalho de sonho, quem tenha publicado livros e quem tenha encontrado a felicidade e a realização pessoal noutro país. Há quem tenha tentado e falhado, mas sem dúvida está mais próximo hoje do que nunca da realização pessoal. Todos os caminhos são válidos.

Dos que ficaram recordo os psicólogos presos a assistência técnica, os apaixonados por crianças a navegarem no mundo corporativo, as empresárias sem coragem para arriscar, as criativas cheias de ideias e planos, os vendedores natos que podíam estar a ganhar milhões e tantos outros.

E tu? Continuas com uma fita preta ao pescoço, a picar um cartão vazio de sonhos e a comer numa copa improvisada como se fosse uma sanzala? Imagem dura. Mas mais dura é a realidade: tu estás escrava /o de uma empresa que não te merece.

Não importa o tempo que passe, o contacto que mantemos, tu vais sempre ser uma das minhas pessoas. E há dias em que o sucesso de uns me faz pensar na infelicidade dos outros. Há dias emque penso em ti, e como se tu acreditasses tudo seria mais fácil.

É por isso que te deixo este wake up call. Faz alguma coisa por ti. Agora. Liberta-te.

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